quarta-feira, 22 de junho de 2011

MINHA JACOBINA (Payayá Jr.)

Vejo brotar em meus olhos o gosto pela minha terra
De onde nunca nasci, mas me adotastes aqui
E espero um dia partir.
Como quem parte para um outro mundo
E que por aqui deixou um rastro de vida
Vivido pela minha voz e pelo meu gesto.

Vejo brotar em mim o gosto pelo respeito ao outro
Pelo que ele trouxe com ele.

Vejo brotar em mim a vida que dá vida ao outro
De origem sem importância, mulato, branco, índio, negro, cafuzo, caburé,
Pobre, rico, evangélico, católico, umbandista, espírita, ateu, mulçumano,
Hinduísta ou Budista,
Cabe aqui sem rastro de rejeição!

É minha terra que se mostra e que me ensina o gosto pela Marujada,
Por Santo Antonio e São Benedito!
Por São João, São Pedro e pelos “Cão” com sua graça negra.

Ah terra querida que é a minha Jacobina!
Se do teu embrião não brotei por um capricho geográfico
Nunca cortei de ti meu umbilical cordão.

É tua gente, tua cultura tatuada em mim
Como se de ti me emprestasses o corpo.

Vou vivendo pelo meus dias a vida que Jacobina me doa!
Não maltrates minha terra!
Não sugue tua seiva para longe nem somente para alimentar teu egoísmo
hediondo!

Me deixes em paz com quem me adotou!
Se amar pra ti é tarefa longínqua
Que partas sem cicatrizes aqui deixar!

Se cansas da subida do Véu da Noiva, do Cocho de Dentro e das escadas da
Conceição ou da beleza da Missão
Que se aporte nalgum shopping!

Se não enxergas beleza no povo sofrido e lutador de minha terra
Que te faças devedor das aparências que reflete somente falsidades!

Mas não maltrates a minha Jacobina!
Pra longe vá, se pra ti vida aqui não há!
Mas não enganes nosso povo!

Não enganes minha humildade que se farta da própria culinária!
Se não tens gosto pelos nossos gostos,
Se não te fartas com o tempero da baiana do acarajé,
Nem da buchada e sarapatel, nem do pirão de leite com carne do sol e da
Galinha caipira,
Que me deixes com o meu gosto.
Se teu fascínio é por outra iguaria, que te fartes, mas me deixes em Jacobina!

É assim que falo do meu jeito arretado, porreta e cantado!
Meu oxente é o que me identifica!
É a roupa que uso, é o meu vestuário!

Se por aqui encontrastes porto seguro
Que te firmes!
Mas não me roubes, não me saques como o insano ladrão,
Nem tome meus ouvidos com palavras fantasiosas!

Se minha humildade é palco para tuas travessuras,
Nem de longe enganas teu destino por quem do alto te observas!

Essa é minha Jacobina que mesmo ludibriada por quem dela surgiu
Guarda tua grandeza em braços abertos em incansável luta por teus
Verdadeiros filhos.

Se um poeta um dia gritou por tua Terra
Somente dela quero teu sorriso!
Sou feliz em Jacobina!
Dela não saio e ninguém me tira
A não ser por força divina!

Payaya Jr.

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