terça-feira, 28 de junho de 2011

BAHIA DE TODOS OS SANTOS (ESPECIALMENTE, UMA SANTA!) (Homenagem à Irmã Dulce, em memória)


A Bahia é um estado de espírito,
já dizem: santificado e bonito,
agraciado e abençoado por Deus
a zelar pela paz no Brasil
e a cada filho seu!

(A Bahia é de Todos os Santos,
e é agora, também, de uma santa!)

Aquela frágil freirinha
nossa conterrânea, contemporânea, madrinha,
que víamos carregando indigentes
enfermos, debilitados, espécies de toda gente...

(Como ela poderia agüentar nos braços,
em sua fragilidade, essa gente?)

Corria atrás dos poderes
sem medo de caras feias,
mas era no Poder do Divino,
que encontrava o suporte de teias...

(Que força teria aquela mulher franzina
para acudir esse povo em cada esquina?)

Vieram a seguir seus milagres
e provas do reconhecimento
tudo pela sua obra e os seus merecimentos
e a freirinha venceu todas as batalhas...

(De onde vinha tanta força
e como ela conseguia?)

Invadiu terrenos e casas
a instalar acolhimentos
e o seu coração em brasa
pulsava a cada momento...

(Será que ela esperava em troca
alguma forma de pagamento?)

E àquele que tanto ama e abriga
no amparo do seu teto abençoado!
Sua alma, Irmã, que siga em frente, em reto...
a proteger nossa gente, nosso país e estado...

(E a sustentar como viga,
o nosso povo explorado!)

Desejo a cada unidade
que tenha sua Irmã Dulce,
doçura no nome, olhos de sensibilidade
ao nosso coração pra que pulse
com toda felicidade...

(E o mundo inteiro de perfil
aplauda então o Brasil!)

Passou do plano real para muito melhor...
hoje beatificada, plena, abençoada...
amanhã será nossa Irmã Dulce Santa:
“Colhe o bem, quem o bem planta!...”

O Brasil e a Bahia se fortalecem na via
dos que carecem de intervenção Divinal
transformando dor sofrida, na alegria
de nossa freirinha, esta santa fenomenal...

Nossa Irmã Dulce, a santa brasileira...
nascida aqui na Bahia... E isto não é brincadeira!
Antonio Fernando Peltier
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/2011
Código do texto: T2984066

UMA FESTANÇA DE ARRASAR! (Vera Jacobina)


Em Araci eu vi,
Um São João de arrasar.
Muita gente bonita,
E quadrilha pra dançar.
Um coreto,
Cheio de graça,
No meio da praça,
Decoraram pra encantar,
Às pessoas de fora,
E as que moram lá.
Eram vários sanfoneiros,
Que tocavam pra alegrar,
E faziam da linda festa,
Um forró para brincar.
Numa igrejinha toda azul,
Um convite pra entrar,
Encontramos vários santos,
Inclusive Santo Antônio,
O santinho casamenteiro,
Que não podia faltar.
Uma cacimba muito linda,
Um barzinho com muita pinga,
Casinhas de palhas,
Construídas com detalhes...
Lá encontramos de tudo,
Que formavam o "arraiá".
Tudo muito decorado,
Na pracinha namorados,
Que ficavam a se beijar.
Lampião e Maria Bonita
Vestidos a caráter,
Também fizeram parte,
Dessa festa pra brincar.
E assim a paz reinou
Pois "inté" Lampião brincou,
E o povo lhe homenageó".
Eu da minha parte,
Posso lhes assegurar,
Que brinquei a valer,
E não quis nem saber...
Assistir a uma peça teatral,
Que tem um nome bem legal:
"Fuga num São João"
Que adorei de montão!
E assim, voltei pra aqui,
Trazendo comigo "sardade",
Do namorado e das "cumade"...
Foi um São João dos bons,
Daqueles pra não esquecer,
Pra guardar na memória,
E também no coração,
Como recordação.

Vera Jacobina
Publicado no Recanto das Letras em 27/06/2011.

Jacobina de todos os ângulos (Ivan Aquino)


Praça 2 de Julho - Jacobina - Bahia

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O QUE É O CARNAVAL DA BAHIA? (Fernado Peltier)


Carnaval é a mentira da verdade,,,
Carnaval é mentira de verdade...
Carnaval é a verdade da mentira...
Carnaval é a verdade de mentira...

O carnaval da Bahia,
De que falo, é Salvador...
O maior teatro livre do planeta,
O mais porreta amor de todo o amor...

O carnaval da Bahia é incontrolável
Exposição do humilde e do notável...
A Insuperável alegria explosiva,
Grande labor de almas vivas,
E viva a a viva-alma que se aviva!

No Axé do Axé do Axé do Axé
Todos se "acham" e haja fé
Numa oração de samba no pé!
Vixe, viste... vista o brilho do azeviche

Quem diz que carnaval é do diabo
Esquece que Deus o abençoou...
Nunca provou a "pimentinha" no quiabo...
Nunca encheu a boca d'água
A saber sentir o seu sabor.

Deus do branco, um Deus do negro num Deus Afro...
Deus humano, Deus de dádiva, num Deus dado...
Quer o povo sempre alegre, nunca escravo,
Cada ser é Deus livre como a luz de um candelabro

À raça humana tem o tom da cor no som...
Toda pele misturada em melodia
Cada sonho não acorda dissabor
Cada acorde de guitarra esperta amor...
Do atabaque ao berimbau e o agogô...

Quem não brinca o carnaval cá na Bahia
Vem à vida e meia-volta, volver!
Não nasceu pra ser feliz e se envolver...
deu na vista pessimista e sem passista
fez a pista, foi-se embora e não gozou.

Antonio Fernando Peltier
Publicado no Recanto das Letras em 02/03/2011
Código do texto: T2823942

quarta-feira, 22 de junho de 2011

MINHA JACOBINA (Payayá Jr.)

Vejo brotar em meus olhos o gosto pela minha terra
De onde nunca nasci, mas me adotastes aqui
E espero um dia partir.
Como quem parte para um outro mundo
E que por aqui deixou um rastro de vida
Vivido pela minha voz e pelo meu gesto.

Vejo brotar em mim o gosto pelo respeito ao outro
Pelo que ele trouxe com ele.

Vejo brotar em mim a vida que dá vida ao outro
De origem sem importância, mulato, branco, índio, negro, cafuzo, caburé,
Pobre, rico, evangélico, católico, umbandista, espírita, ateu, mulçumano,
Hinduísta ou Budista,
Cabe aqui sem rastro de rejeição!

É minha terra que se mostra e que me ensina o gosto pela Marujada,
Por Santo Antonio e São Benedito!
Por São João, São Pedro e pelos “Cão” com sua graça negra.

Ah terra querida que é a minha Jacobina!
Se do teu embrião não brotei por um capricho geográfico
Nunca cortei de ti meu umbilical cordão.

É tua gente, tua cultura tatuada em mim
Como se de ti me emprestasses o corpo.

Vou vivendo pelo meus dias a vida que Jacobina me doa!
Não maltrates minha terra!
Não sugue tua seiva para longe nem somente para alimentar teu egoísmo
hediondo!

Me deixes em paz com quem me adotou!
Se amar pra ti é tarefa longínqua
Que partas sem cicatrizes aqui deixar!

Se cansas da subida do Véu da Noiva, do Cocho de Dentro e das escadas da
Conceição ou da beleza da Missão
Que se aporte nalgum shopping!

Se não enxergas beleza no povo sofrido e lutador de minha terra
Que te faças devedor das aparências que reflete somente falsidades!

Mas não maltrates a minha Jacobina!
Pra longe vá, se pra ti vida aqui não há!
Mas não enganes nosso povo!

Não enganes minha humildade que se farta da própria culinária!
Se não tens gosto pelos nossos gostos,
Se não te fartas com o tempero da baiana do acarajé,
Nem da buchada e sarapatel, nem do pirão de leite com carne do sol e da
Galinha caipira,
Que me deixes com o meu gosto.
Se teu fascínio é por outra iguaria, que te fartes, mas me deixes em Jacobina!

É assim que falo do meu jeito arretado, porreta e cantado!
Meu oxente é o que me identifica!
É a roupa que uso, é o meu vestuário!

Se por aqui encontrastes porto seguro
Que te firmes!
Mas não me roubes, não me saques como o insano ladrão,
Nem tome meus ouvidos com palavras fantasiosas!

Se minha humildade é palco para tuas travessuras,
Nem de longe enganas teu destino por quem do alto te observas!

Essa é minha Jacobina que mesmo ludibriada por quem dela surgiu
Guarda tua grandeza em braços abertos em incansável luta por teus
Verdadeiros filhos.

Se um poeta um dia gritou por tua Terra
Somente dela quero teu sorriso!
Sou feliz em Jacobina!
Dela não saio e ninguém me tira
A não ser por força divina!

Payaya Jr.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Céu de São Maurício (Ivan Aquino)


(Serra de São Maurício - Ourolândia - 16.06.2011)

terça-feira, 14 de junho de 2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O que fizeram do Itapicurú e do rio do Ouro (Payaya Jr.)


Foto: http://jessicagcf.blogspot.com/2007/09/jacobina.html

De Jacobina nada sei!
Sei mesmo não!
Não sei o que fizeram da MACAQUEIRA...
Tão pouco do Riacho do Judeu...
E nem do Rio do ouro!

Pouco me importa!
Sabe por quê?!
Porque também não sei do rio Itapicurú!
Nem do rio dos Alves!

Eu não sei é de nada do que nunca vi.
Sei porque me contaram, mas nunca vi!
Sei porque acredito em quem me contou!
Mas nunca vi!
Acredito em quem viu piau, jundiá, xique-xique, piaba, traíra, caçote e gia!

E queria ter o prazer que ele teve quando todos esses peixes ele viu!
Mas nunca tive!

Sabe o que tenho?!
Duas narinas enormes que consomem
O cheiro fétido da av. Orlando oliveira Pires
e da Margem Rio do ouro!
Sabe o que mais?!
O cheiro de ovo podre de gás sulfidríco!
O cheiro de H2S, um gás horrível!

Cheiro as placas de gordura boiando em um leito quase seco!
Cheiro óleos e graxas que descem dos esgotos da Rua da Saudade e dos postos de gasolina!
Cheiro amônia, fósforo, nitratos e nitritos!
Cheiro o descarte dos seres humanos!
Isso sim!
Vejo e cheiro quando descem sufocando o rio do Ouro e Itapicurú!

Vejo as bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos!
Vejo a patogenia solta!

Que cheiro sinto quando procuro ar numa caminhada pela Orlando oliveira Pires?!

Sinto o cheiro de dois defuntos: rio do Ouro e Itapicurú!
Caminho para ficar saudável na companhia de dois doentes!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Igreja da Missão à noite (CMatos)


Fonte: http://pinturascmatos.wordpress.com/2011/05/

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um grande público presente na abertura da 1ª Semana do Meio Ambiente de Ourolândia


A abertura da 1ª Semana de Meio Ambiente de Ourolândia ocorreu na manhã do dia 07/06/2001 (4ª-feira) com a presença de um grande público no Centro de Qualificação Educacional Pedro Edson. Representantes de órgãos públicos estaduais e municipais, representantes da RPPN Toca dos Ossos e de empresários do mármore, compuseram a mesa e fizeram uso da palavra elogiando o evento e falando sobre a importância de se discutir as questões ambientais em busca de soluções para os atuais problemas.
O público composto por coordenadores, professores, alunos das escolas estaduais e municipais, além de pessoas da comunidade, prestigiou o evento demonstrando bastante interesse no material exposto na mostra itinerante de fósseis e minerais do Museu Geológico da Bahia, na mostra de painéis fotográficos sobre Espeleologia, Arqueologia e Paleontologia do Projeto Ciência Móvel do Museu de Ciência e Tecnologia da UNEB.

Na programação consta um ciclo de palestras com as temáticas: Espeleologia, a ciência que estuda as cavernas; Arqueologia, a ciência que estuda o passado humano e sua evolução; Paleontologia, a ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e a formação dos fósseis. Consta ainda na programação do evento a 1ª mostra de cinema Ambiental de Ourolândia, que ocorrerá durante todas as noites, e o “Forró da Toca” no encerramento das atividades no dia 10/06/2011.

O evento está sendo organizado pela equipe da RPPN Toca dos Ossos em parceria com a Prefeitura Municipal de Ourolândia e conta com o apoio da ASSOBEGE (Associação dos Empreendedores de Mármore Bege Bahia), Mineração Travertino e Grupo Marbon, Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado da Bahia, Museu de Ciência & Tecnologia da UNEB, ICMBio, Sociedade Brasileira de Espeleologia, Museu Geológico da Bahia e CECAV.

ÚLTIMO SUSPIRO (Adoaldo Ribeiro de Araújo)


Acordo melancólico e abro a janela, observo a ingenuidade da natureza compassiva e ao mesmo tempo sábia, indefesa e ao mesmo tempo exuberante, frágil e ao mesmo tempo agressiva e persistente.
Certamente nela estamos todos contidos, seres habitantes desta casa transitória, humanos, julgamo-nos superiores, a que não sei ao certo, talvez diante do superlativo valor atribuído a nós mesmos. Solitário, muitas vezes tendo que recorrer a “Ela”, sim a “Ela” mesmo, à natureza, em suas diversas formas para na sua simplicidade minimizar a brutalidade humana na busca de respostas aos vazios, às mazelas sociais, às tentativas fracassadas e à incompreensão humana do que ainda em outra dimensão, não pode ser compreendido.
É “Nela” e com “Ela” que oxigenamos os neurônios, relaxamos os músculos, descansamos a visão, sentimos o dilatar da audição, saciamos o olfato, matamos a fome, a sede e complementamos as nossas necessidades, percebemos através do contato o equilíbrio em que nela existe, despertando a razão, o sentido da intuição para a compreensão da totalidade.
É “Nela” e com “Ela” que realizamos os nossos desejos e extravagâncias, abusos e luxúrias, conquistas e perdas; sim, falo de perdas porque tudo se finda para reiniciar um novo ciclo e é “Nela” como soberana que encontramos sempre a resposta, pois estaremos sempre refém dos seus ciclos. Todavia é na sua simplicidade que aos poucos compreendemos o quebra-cabeça divino e na qualidade de soberbos aprendizes, de caminheiros nem sempre devolvemos as dádivas que recebemos da mãe Terra.
Concluímos então, o quanto ainda somos primários e inexperientes nesta caminhada de sabedoria e domínio ao qual ajuizamos de evolução.

Portanto:

Se me disseres que ama a natureza, aplaudirei.
Se me contares dos teus feitos, aplaudirei ainda mais.

Mas, se fizeres algo de concreto, ficarei muito satisfeito,
e ainda mais se falares tu mesmo de tuas experiências,
conta comigo, pois estarei junto a ti.

Se algum dia acordares melancólico, como hoje amanheci,
busca a natureza e medita sobre a vida.
Em cada canto ou coisa que observares, encontrará:
sintonia e alegria,
trabalho e sinergia,
construções e oportunidades,
pois somos apenas uma peça desta engrenagem.

Assim é a Natureza:
Encanta, porque possui o toque especial do Criador;
Espanta e assusta, pela sabedoria, grandiosidade e perfeição;
Alegra, pois os sons, contrastes, cores e matizes fazem-nos reverenciar.

Assim deveria ser o Homem:
permitir-se absorver pela síndrome de DEUS.
D de domínio, pois assim foi possível com a evolução, fruto da inteligência;
E de equilíbrio, a solução, a chave a ser testada, fruto do domínio;
U de unicidade, convergência de ações para resultados, fruto do equilíbrio;
S de sustentabilidade, o novo paradigma a ser testado, fruto das demais.

E assim é a Natureza, ou somos partes ou reféns,
tudo depende do destino que queiramos dar.
Se a natureza encanta, assusta ou alegra
e nos permite em algumas situações dominar,
necessário se faça de forma equilibrada e sustentável.

Necessitamos rever os nossos conceitos,
fazendo cruzar ares, vales e mares,
repensando o que verdadeiramente queremos
para auferir se realmente teremos futuro.

A distância entre vida e morte, e morte e vida, é uma ponte, curva ou travessia;
portanto somos todos indistintamente Co-criadores,
recebemos a batuta, cabendo-nos a sintonia com o conjunto,
para que façamos os melhores arranjos junto à orquestra.

Muitas espécies desapareceram e neste ritmo desaparecerão a cada dia,
e já anunciaram que o homem ultrapassou em 20% os limites
de exploração que o planeta pode suportar sem se degradar.
Ai, se não fosse à solicitude de anônimos, bravos e fieis defensores,
guardiões e escudeiros, que arriscam as próprias vidas
para defender aqui, ali, acolá um ecossistema,
que sob a brutalidade do suposto progresso e desenvolvimento
desmantela o que convenhamos levou milhares e milhões de anos
para, paciente, pacientemente, construir.

Não conseguiremos a resposta para esta equação,
apenas vislumbrando os nossos pés,
necessitamos esgueirar os olhares
para a complexa cadeia de informações da natureza,
na sua quase infinidade de leis e códigos,
para com a receita em mãos,
possamos compreender o compreensível,
certamente o racional.

A mensagem sobreviverá, cruzará desertos, montanhas, mares e épocas,
tudo depende da humílima contribuição de cada um.
Podemos fazer acontecer por muitos, mas não por todos.
Fica mais fácil, rápido, justo e grandioso
a contribuição individual de cada um.
Caso contrário haverá em algum canto do universo,
alguém a relatar o histórico da mal sucedida civilização perdida
da Terra.

E assim sempre foi até aqui, o destino da humanidade,
sob a égide do sacrifício de alguns.
Ainda é possível reviver a história do planeta,
e assim será como a mensagem, sob o esforço de heróis
fará com que a vida seja possível
atravesse séculos, quem sabe gerações.

Estas figuras vão nos marcar para sempre,
pois quando delas nos lembrar,
saberemos o quanto fomos covardes, presunçosos e egoístas.
Além de muitos não fazerem a sua parte,
ainda atrapalham o correto caminhar destes granjeiros da vida
e estes marcarão a todos pela sua significância e serão eternamente lembrados
por todas as criaturas que sobreviverem a uma possível
hecatombe ambiental.

Olhe, viva e usufrua da Natureza.
Porém, cuide, recupere e respeite os seus limites.
As nossas culturas aborígines já sabiam disto
e nós as destruímos a exemplo dos índios Payayas,
agora temos que reaprender sem eles.

Mas nunca será tarde para um novo recomeço,
estude, leia, divulgue e pratique as diversas maneiras
de colaborar com a natureza.
Um velho jargão nos diz: “a natureza não dá saltos”,
mas ainda há tempo para em passos largos
darmos a nossa contribuição,
ou estamos a caminho de na qualidade de neófitos do conhecimento,
frios e insensíveis como às lápides,
esperarmos pelo Apocalipse.

Vivemos o nível da intelectualidade, do conhecimento, das conquistas e
morremos na sensibilidade, ambos fruto de nossas escolhas.

Plante ou cuide de uma árvore, limpe um rio, reduza o lixo,
evite o consumismo, divulgue o saber, despertem pessoas
e em pouco tempo terá um exército na defesa da causa.

Insista a todo o momento: Natureza é vida e vida é necessária.
Quem ama e preserva os recursos naturais, não só mantém a vida,
como permite que a história da vida continue... continue...

Simples, bela e encantadora.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Palavra de Amigo


Já disseram, há muito, algumas palavras simples sobre a vida...
Falaram-me de cordialidade, é isso mesmo: gentileza!
Da solidariedade daquela que se pratica,
Não daquela que apenas se diz!

De ações simples.
Mas muito simples mesmo: um sorriso, um simples aceno,
Ou mesmo um singelo e ao mesmo tempo curto monossilábico Oi,
Mas que teve a grandeza de quebrar o gelo daqueles enormes
Silêncios e caras feias!

Já me disseram, inclusive, para não dar esmolas ou pequenas ajudas:
Viciam!
É assistencialista! Diria meu amigo radical de esquerda.
Mas foi um gesto tão fácil e além do mais sobrava-me.
Não me fazia falta!

E a última dita foi a prática de só usufruir do que preciso!
Nada de acúmulo, nada de soberba.
Aos pouco aprendo que ao usar somente um pouquinho,
A natureza agradece.
Quem me disse isso não foi o estudioso,
Não foi o cientista da universidade, não foi o intelectual,
Não foi o ativista ambiental e muito menos aquele estadista político.
O nativo: foi ele quem me falou de uma boa convivência com a natureza e
Fiquei muito agradecido quando a ele se juntou a ciência.

Não podia esquecer-me da voz suave e tranqüila que chegou aos
Meus ouvidos com tais palavras.
Foram palavras conversadas, não foram gritos.
Foi de uma serenidade convincente que me bastou
Para dizer que no grito pouco ou nada se resolve,
Que na dureza ou grosseria por pouco tempo se sustenta.

Finalmente falou-me da grandeza do sorriso da criança e do amor.
Estas foram as palavras mais longas e duradouros que guardo comigo.


Cartão de Natal enviado pelo NTE14 em 1999
Núcleo de Tecnologia Educacional - NTE-14
Jacobina-Ba

domingo, 5 de junho de 2011

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal


Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.

Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o “circo da copa” em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.


Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É… pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?

E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá… parado, quieto, na gaveta de algum relator.

O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira “bomba do bem”. Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”. E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.

Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa “bomba do bem”? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.

Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa “Tô Sabendo”, da TV Brasil.

Fonte: Terra Magazine
Tags: por Jorge Portugal, Se escola fosse estádio e educação fosse Copa