sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A voz do rádio! (Payaya Jr.)


A voz, este importante, fundamental e porta voz do cérebro humano. Que faço sem ela a não ser calar-me.
Claro que posso gesticular com mímicas, movimentar meus braços, mãos e dedos e assim vociferar através da LIBRAS. E sou entendido assim transmitindo o que desejo. Também vocifero pelas artes com os quadros loucos surrealistas de relógios derretidos do Salvador Dali, ou pela pintura da Marujada cadenciada de Cícero Matos passeando estaticamente pela Igreja da Missão numa noite inconfundível. Ou ainda pela crua mão de Cândido Portinari em seu quadro "Os Retirantes" exprimindo a mais bela pintura gritando o sofrimento do nordestino.
Agora inventaram essa tal de Internet inquieta sem laços nem fronteira, sem eira nem beira, que manda todo mundo se lascar no caminho da feira. Não duvides dela não, você que lida com o que é dos outros, apelidado comumente de funcionário público, tendo seu exemplar mais visível o político, uma espécie de funcionário público temporário, que deixa um rastro fúnebre por onde passa, num brinque não?!. Você! É você mesmo, aí com cara de veado que viu caxinguelê, não vacile não! Como já dizia um filósofo tupiniquim: aqui se faz aqui se paga.
Pois é, também tem os grafiteiros, as faixas, cartazes e outdoor, adesivos, eticetera e tal. Não tem o que me cale, exceto o lá de cima. Este temo, que nem o Cascão do Maurício de Souza pela água ou o Palocci de uma CPI ou, ainda, o Sarney por deixar o senado!
Mas e a voz?! Onde anda ela, a voz dos ouvidos de Jacobina?! A que fala por quem não tem voz? Ela andou meio calada de uns dias pra cá! Tô falando da voz do rádio! Essa voz secular que já teve seu estrelato maior lá pelos anos 20 aos anos 50 no Brasil para depois a infernal TV adentrar os lares brasileiros corroendo nossa capacidade de pensar. Ela é danada: pensa por a gente!
Mas não é como a voz do rádio! A voz do rádio ainda é baratinha! Hoje, ano 2011, aqui, bem aqui em Jacobina, vou até o beco do Paraguai ou o armazém Paraíba e compro na vista e à vista um radinho desses que pega AM, e também FM por cinco conto. E assim, como estes internautas, navego. Navego pelas ondas do rádio. Pela voz viva do locutor arretado virado no estopô balaio que grita e xinga quem ao povo faz suas mazelas!
Mas também só serve locutor virado na gota serena. Esse negócio de locutor babão né comigo não. Gosto daquele que faz do seu ofício sua profissão de fé e coragem. Esse negócio de ficar alizando cabelo de marmanjo para garantir os caraminguás todo final de mês num dá certo não.Já dizia aquele misto de filósofo, compositor, diplomata e cantor, o Vinícius de Moraes, que: quem nunca viveu um grande amor, nunca vai ter nada não. Isso mesmo, passa batido pela vida.
Por isso, essa voz que chega lá na roça do Curral Velho, Velame, Tamanco, Coxo de Dentro e de Fora, Timbó, Santa Cruz, nos Bagres, Olhos D’Água, Baixa do Poço, Barrocão de Cima, Cachoeira Grande, Cafelândia, Canavieira de Fora, Genipapo de Cafelândia, Genipapo de Olhos D´Água dos Góis, Guariba, Itapicurú, Malhadinha, Pau Ferro, Pé de Serra, Pedra Branca, Pontilhão, Santa Cruz dos Coqueiros, Saracura e Valois, não se engane não. Essa voz faz esse povo vibrar. Sabe porque: lá a tv São Francisco não noticia sua morte nem o nascimento do seu filho e nem manda recado e nem fala do médico que não há, nem da podridão do esgoto escancarado pra urubu se alimentar e muito menos do lotação que não chega.
Não morre não rádio! Mas também não vem com essas músicas para botar a mulher lá embaixo e nem com esse ÊÊÉ ÔÔÔ ÀAÁ. Meio dia não tem globo esporte nem Bocão, muito menos aquele tal de Varela que nunca noticia peixe grande, ficando só nesse verbo prisioneiro de ladrão pé de chinelo. Eu fico ligado é no rádio!
Payayá Jr.

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