sexta-feira, 20 de agosto de 2010

MARIA FUMAÇA... QUANTA SAUDADE!!! (Amar Gomes)


O sistema de transporte mais importante, hoje, é o rodoviário, mas em épocas passadas o transporte mais utilizado era o ferroviário, que fazia o transporte de passageiros e cargas para a capital do Estado e outras cidades, o escoamento dos produtos de toda a grande região era feito através da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, que muito contribuiu para o desenvolvimento da região. Por mais de meio século a ferrovia beneficiou nossa cidade e outras.
Quem não sente saudades da Maria Fumaça, com seu barulho característico e o apito estridente ecoando por entre as serras, trazendo saudades de alguém que partiu ou aquela ansiedade da espera de alguém que vinha retornando no trem, para o velho ninho de saudades.
Trem de ferro, quanta saudade! A espera na estação, o encontro com a namorada, um aperto de mão, o piscar de olhos, tempo gostoso que já vai distante e que não volta mais, aos domingos ir a estação para despedir-se de alguém e as vezes para acompanha-la até a próxima estação, sempre aos domingos, porque havia um trem descendo para Caén e outro subindo para Miguel Calmon, que eram as próximas estações de Jacobina... e lá estávamos nós nos despedindo, saltar na próxima estação, um abraço, um beijo, mil juras de amor, e um lencinho branco se agitando se agitando na janela do trem em disparada. Um longo apito e a saudade cortando o coração, hoje só resta a saudade.
"Minha infância em Jacobina ó menina", música do cantor e compositor Aristeu Queiroz, que cantava as belezas sua terra como ninguém, principalmente quando o trem vinha chegando em Jacobina: "Na Serrinha a vez é minha, o trem apita, o povo se agita, esperando alguém, que vai chegar no trem".
Assim cantou o saudoso Bob Silva, numa linda canção que compôs em homenagem a sua terra natal.
Recuando no tempo e revolvendo na mente, são muitas as saudades de um tempo em que a gente era feliz e não sabia.
Bar da Leste que funcionava em anexo ao prédio da estação, onde se tomava umas e outras, uma loura bem gelada enquanto se esperava a chegada do trem, às vezes havia música ao vivo, quando a namorada de algum seresteiro ia viajar ou estava chegando de férias, era sempre uma festa. Que fazer com os sentimentos quando eles retornam como uma linda canção de amor... Maria Fumaça, você ficou na lembrança. Hoje só resta a saudade.
Devido as condições precárias em que se encontrava, a via férrea perdeu a sua viabilidade de transporte de cargas e passageiros, perdeu a sua movimentação... devido a chegada das estradas de rodagem e os pesados caminhões de transporte de cargas. Maria Fumaça ficou cansada e foi sufocada pela evolução dos tempos, vieram as máquinas diesel, que não tinham nenhuma graça e a beleza de Maria Fumaça, mas era o avanço do potente modernismo.
Por volta de 1975/76 não se ouviu mais o grito rouco e o apito saudoso cortando os ares, Maria Fumaça emudeceu, quanta saudade...

Um comentário:

  1. Que maravilha que é, encontrar aqui, um belo trabalho do querido Amar Gomes. Parabéns pra ele, parabéns para Ivan por essa aquisição e parabéns pra nós...

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