Sob Nossas Mesas
Ancorado
na mesa
o vaso,
nesta sala
deserta
as pétalas
no agora,
eterna
de tão
plásticas
contínuos
os dias
me devora
e
eu sinto
meu corpo
envelhecer
e
me
enquadra
no
escuro
espelho
do
tempo.
bOrka
Ivan Aquino & amigos: Pensamentos & Viagens & Sentimentos & Imagens & Coisas & Tal
Sob Nossas Mesas
Ancorado
na mesa
o vaso,
nesta sala
deserta
as pétalas
no agora,
eterna
de tão
plásticas
contínuos
os dias
me devora
e
eu sinto
meu corpo
envelhecer
e
me
enquadra
no
escuro
espelho
do
tempo.
bOrka
Mas, como dizem por aí: “só que não”. Porque há coisas que
chegam tarde; na hora certa, mas no tempo errado. E chegam com força para ser
aquilo de que se precisa, mas que não pode ser. Não pode ser. A saudade antiga
vira apego novo. Mas não pode ser. É preciso conter.
E então tudo parece dizer isso. Do Rio do Ouro, do Itapicuru, da
Rua do Vale, da Catuaba, da Caeira, do Deocleciano, da Missão, do Cruzeiro, do
Leader, da loja de Maria do Ouro, da Paulistinha, do Cine Payayá, da
Zululândia, da Félix Thomaz, da Caixa d’Água, da Bananeira, da Rua da Estação e
da Estação da Leste, do Texaco, do Derba, do Pontilhão, do Supermercado
Pinguim, do União, do Caldeirão, da Macaqueira, do Clube Recreativo Aurora
Jaacobinense, da prefeitura velha, da prefeitura nova, do Jornal A Palavra, do
Correio da Serra, da Sociedade Filarmônica Dois de Janeiro, da Rádio Clube, da
Rua do Peru, do Triângulo, do campo do Derba, da Rua do Calango, da Só Batidas,
da Status, do Tiro de Guerra 06-127, da Serrinha, da Rua dos Índios, da Castro
Alves, Rio Branco, da Coronel Teixeira, da Serra do Tombador, da Cachoeira de
Aníbal, das escadarias da Igreja da Conceição, do campanário da Missão, da
calçada da Matriz, da barraca de Seu Crispim, de todo lugar onde já passamos,
cada um na sua hora, cada um com seu destino já anotado e seus sonhos distintos
e distantes, os avisos chegam, dizendo, quase gritando, que é preciso agradecer
cedo, dobrar com cuidado as lembranças e a alegria do reencontro, para que
nunca mais amarrotem, e guardá-las no baú da realidade para que lá fiquem, de
novo, a contar o tempo, sem riscos. É preciso ir embora cedo.
Porque é simplesmente irresistível o apego e não é apropriado o
apego. Porque o apego atrai o adeus. É preciso conter.